Durante os últimos dois anos e alguns meses de guerra entre Rússia e Ucrânia, o número de baixas entre os militares russos ultrapassou a marca de 50 mil, de acordo com dados levantados pela BBC Rússia e pelo grupo de mídia Mediazone.
A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (17), baseia-se em análises realizadas entre fevereiro de 2022 e abril de 2024, considerando informações oficiais, relatos da imprensa, atividades em mídias sociais e até mesmo imagens de satélite de cemitérios russos para estimar o aumento no número de sepulturas.
A BBC, cuja divisão russa tem acompanhado de perto as fatalidades desde o início da intervenção russa na Ucrânia, relata que o número de mortes acelerou no segundo ano do conflito. As estatísticas indicam um aumento de 25% em relação ao primeiro ano, totalizando 27.300 soldados russos mortos.
Até o momento, a única atualização oficial divulgada pela Rússia reportava pouco menos de 6.000 soldados mortos, em setembro de 2022, sem novos registros desde então.
Por sua vez, a Ucrânia, sob o comando de Volodymyr Zelensky, divulgou dados oficiais no final de fevereiro, apontando que cerca de 31 mil soldados ucranianos perderam a vida.
Durante o auge da crise, no início de 2023, a BBC relata que a Rússia empregou uma tática conhecida como “moedor de carne”, intensificando as perdas entre suas tropas. Em janeiro daquele ano, uma grande ofensiva militar russa na região de Donetsk resultou em um aumento significativo nas fatalidades. Meses depois, durante os confrontos pela cidade de Bakhmut, outro pico de baixas foi registrado.
A investigação da BBC sugere que pelo menos dois em cada cinco soldados russos mortos não possuíam experiência prévia nas Forças Armadas, sendo recrutados entre voluntários, civis e prisioneiros, e lutavam sem treinamento técnico ou tático adequado.
Além disso, estima-se que cerca de 9.000 prisioneiros, recrutados através do grupo mercenário Wagner ou diretamente pelo Ministério da Defesa russo, tenham sido mortos durante a invasão. Estes recrutas, em média, sobreviviam apenas de dois a três meses na zona de conflito.
A BBC reconhece que seus dados não abrangem as vítimas das forças de milícias em Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, sugerindo que o número real de mortos provavelmente seja maior do que os 50 mil estimados.
Em resposta à reportagem, o Kremlin afirmou que não divulga informações sobre mortes e baixas militares, argumentando que tais dados são confidenciais e competência exclusiva do Ministério da Defesa.