Uma mudança estratégica considerada surpreendente pelo jornal La Nación relata que o presidente Javier Milei, por intermédio de sua chanceler Diana Mondino, teria requisitado uma reunião com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o diário argentino, essa possível reunião poderia ocorrer nas próximas semanas.
“Tem que acontecer, não se trata de uma questão de preferência”, afirmou uma fonte da Casa Rosada, demonstrando otimismo quanto à concretização do encontro após quatro meses de distanciamento entre ambos os presidentes, que são importantes parceiros no Mercosul.
Antes desse desenvolvimento, ambas as partes pareciam contentes com a aproximação diplomática, ainda que não envolvesse diretamente os chefes de Estado. Mondino encontrou-se com o chanceler brasileiro Mauro Vieira nesta semana, e, em um tom casual, lembrou-se que Jair Bolsonaro também não havia se reunido pessoalmente com o antecessor de Lula, Alberto Fernández.
Fontes do Itamaraty confirmaram nesta semana que Mondino entregou uma carta de Milei ao governo brasileiro, enfatizando a importância das relações bilaterais entre os dois países.
Apesar de um afastamento natural entre os dois presidentes devido a questões políticas, a ruptura se intensificou recentemente quando Milei anunciou a retirada do país do bloco Brics, movimento que estava sendo negociado por Fernández. O novo presidente, por sua vez, expressou desinteresse em manter laços “com países comunistas”, o que incluía China, Rússia e Brasil.
Essa aversão é mútua. Lula, por exemplo, afirmou anteriormente que não visitaria a Argentina oficialmente enquanto Milei não pedisse desculpas por tê-lo difamado como “corrupto” e “socialista com vocação totalitária” durante a campanha eleitoral.
Apesar de Milei ter posteriormente dito que Lula seria bem-vindo à sua cerimônia de posse em dezembro, o presidente brasileiro não compareceu. No entanto, Bolsonaro não só foi convidado como também esteve na primeira fila, ao lado de outros líderes de Estado.
Se o encontro entre os dois não ocorrer agora, é possível que estejam juntos em 16 de julho, em Assunção, durante a reunião dos chefes de Estado do Mercosul.