Um estudo divulgado nesta quarta-feira (17) por pesquisadores do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático da Alemanha aponta que as mudanças climáticas terão um impacto financeiro significativo no mundo, totalizando US$ 38 trilhões por ano até 2049. Esse montante representa uma queda de cerca de 19% na renda global ao longo dos próximos 25 anos.
Os pesquisadores utilizaram uma metodologia que compara o crescimento econômico global no cenário atual, com as mudanças climáticas, e um cenário fictício sem o aquecimento do planeta. Segundo o estudo, embora a renda dos países seja 19% menor do que poderia ser sem as mudanças climáticas, a maioria dos lugares ainda verá crescimento econômico, embora em menor proporção devido às temperaturas mais elevadas.
Dentre os danos considerados que podem causar impactos financeiros estão os prejuízos em lavouras e as dificuldades de produção ocasionadas por condições climáticas extremas, como ondas de calor, inundações, secas e tempestades.
Max Kotz, principal autor do estudo e cientista climático, afirma que “esses aumentos de temperatura devem gerar mais danos no futuro, porque serão realmente sem precedentes em comparação com o que já experimentamos historicamente”.
O ano de 2023 foi marcado por temperaturas recordes, com a temperatura média global sendo 1,35 graus Celsius mais alta do que nos tempos pré-industriais, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos. Desde fevereiro de 1979, o planeta não registra um mês mais frio do que a média do século 20.
O estudo analisou os impactos econômicos passados e utilizou simulações computacionais para projetar cenários futuros e chegar a seus cálculos detalhados. Nos últimos 25 anos, as emissões de gases de efeito estufa causaram apenas pequenas mudanças na redução da renda global.
No entanto, é na segunda metade do século que se vislumbram dois futuros distintos, conforme as simulações. Um dos cenários demonstra que a redução das emissões de carbono pode trazer benefícios significativos, uma vez que os gases que retêm o calor se acumulam na atmosfera.
Kotz destaca: “Se o mundo conseguir reduzir a poluição de carbono e adotar uma trajetória que limite o aquecimento a 2 graus Celsius acima dos tempos pré-industriais, conforme estabelecido no acordo climático de Paris de 2015, então o impacto financeiro permanecerá em torno de 20% na renda global. Por outro lado, se as emissões aumentarem no pior cenário, o impacto financeiro poderá chegar a 60%”.